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JBO - Jornal Brasileiro de Oftalmologia              15            Nº 211 - Outubro/Novembro/Dezembro - 2025










      3.2.2 Tecnologia diagnóstica e neovascularização
      de coroide
      A tomografia de coerência óptica (OCT) possui gran-
      de importância no diagnóstico e acompanhamento de
      complicações da alta miopia. Com os avanços tecno-
      lógicos da OCT, pode-se avaliar foveosquise, tração
      vítreo-macular (incluindo aderências vítreas persisten-
      tes, membranas epirretinianas, ou descolamento do ví-
      treo posterior), presença de membranas neovasculares
      (MNV) associadas à miopia patológica e atrofia corior-

      retiniana. O uso de variantes como EDI-OCT (Enhan-
      ced Depth Imaging) ou SS-OCT (Swept-Source OCT)
      melhora significativamente a visualização da coroide e
      da esclera posterior.
                                                               OCT em paciente alto míope, com hemorragia subretiniana, devi-
                                                               do membrana neovascular (MNV) antes do tratamento com antian-
      A angiografia por tomografia de coerência óptica (OC-
                                                               giogênico e após tratamento (acervo pessoal).
      T-A) oferece uma abordagem não invasiva. Em olhos

      alto míopes, torna-se útil na detecção de neovascula-
      rização miópica ainda em fase subclínica. Além disso,    5. Manejo clínico e cirúrgico
      a OCT-A permite acompanhamento longitudinal da           O  tratamento  depende  da  lesão  predominante:
      resposta ao tratamento clínico, com uso de antiangio-    neovascularização  miópica  (anti-VEGF  intravítreos),
      gênicos, pela diminuição da área e densidade vascular.   complicações  tracionais (vitrectomia posterior com
                                                               peeling da membrana limitante interna - MLI), e de-
      Com o exame de autofluorescência, pode-se realizar       generações periféricas (fotocoagulação profilática em
      um acompanhamento e documentação da atrofia co-          casos de risco). O acompanhamento deve ser contí-
      riorretiniana  –  áreas  hipoautofluorescentes,  as  quais   nuo, com orientação sobre sintomas de alerta e inter-

      podem estar circundadas por um halo hiperautofluo-       valos individualizados.
      rescente, indicando zona de epitélio pigmentar da re-
      tina (EPR) em sofrimento – em transição para atrofia.    6. Perspectivas e prevenção
      Para avaliação de estafiloma posterior profundo, tem-    A prevenção da alta miopia e suas complicações co-
      -se a ultrassonografia modo B, que permite avaliar a
                                                               meça na infância. Estratégias como uso de atropina
      forma da esclera posterior, delimitar o perfil do estafi-
                                                               em baixa dose, lentes com tecnologia DIMS (Defocus
      loma, detectar tração e possível DR associado.
                                                               Incorporated Multiple Segments) e maior tempo ao ar

                                                               livre têm mostrado reduzir a progressão miópica.
      Dessa forma, no contexto clínico, a utilização destes
      exames em uma abordagem multimodal pode otimi-
      zar o diagnóstico, melhorar o acompanhamento longi-      O avanço das técnicas de imagem e o acompanhamen-
      tudinal assim como indicar necessidade de tratamento     to individualizado são essenciais para preservar a visão
      precoce, diminuindo assim a evolução da doença.          e retardar a progressão das alterações degenerativas.
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