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JBO - Jornal Brasileiro de Oftalmologia               7            Nº 211 - Outubro/Novembro/Dezembro - 2025










      trevistados gostariam de saber mais sobre a doença”, ressalta   Avanço em relação a estudo de 2023
      a oftalmologista.                                        Com método similar e foco ampliado na saúde ocular dos
                                                               brasileiros, um estudo de 2023 revelava que 11,4% dos en-
      De acordo com o presidente da SBO, Dr. Oswaldo Ferrei-   trevistados nunca haviam se consultado com oftalmologista
      ra Moura Brasil, o estudo revela um cenário preocupante,   e 40% só recorriam ao especialista diante de algum sintoma.
      e não surpreende. “Mesmo entre aqueles que já ouviram    O número recuou na pesquisa publicada agora. Do total,
      falar da doença, a maioria desconhece aspectos fundamen-  6,8% relatam nunca ter ido a um oftalmologista e 30% afir-
      tais, como o fato de que a cegueira causada pelo glaucoma   mam só ir diante de necessidade. A diferença, explica Dr.
      é irreversível e que o tratamento deve ser contínuo. Esses   Ricardo Paletta Guedes, pode ser explicada pela mudança
      números mostram que, apesar dos avanços científicos e da   da amostra ou por um aumento da conscientização. “Inde-
      ampla disponibilidade de informação, ainda há um abismo   pendentemente disso, os números refletem a necessidade
                                                               de se trabalhar continuamente na educação da população
      entre o que a população sabe e o que realmente precisa   sobre a importância da consulta preventiva com oftalmolo-
      saber para se proteger da perda visual. Esse diagnóstico é   gista para uma boa saúde ocular”, aponta.
      essencial para orientar políticas públicas e ações educativas
      mais eficazes”, pontua.
                                                               O avanço, observa Dr. Emílio Suzuki, pode ser resultado de
                                                               uma ampliação do acesso à informação, principalmente às
                                                               redes sociais, mas também ao contexto anterior de pande-
                                                               mia. “Na época da Covid-19, muita gente não se consultou.
                                                               Ainda há um resíduo dessa demanda reprimida”, sinaliza. E
                                                               acrescenta outro fator: “O glaucoma e a catarata, de uma
                                                               maneira geral as doenças visuais, são mais comuns a partir
                                                               dos 40 anos, e a população brasileira está envelhecendo.
                                                               Então, temos hoje um contingente de idosos maior do que

                                                               no passado, o que contribui para que seja maior a busca
                                                               pelo oftalmologista.”


                                                               A melhora, no entanto, ainda é inaceitável, segundo a Dra.
                                                               Ana Flávia Belfort. “Quando falamos de saúde ocular não
                                                               podemos esquecer que grande parte das doenças que
                                                               podem levar à cegueira são silenciosas – tanto na infância
                                                               quanto na idade adulta – e possuem melhor prognóstico
                                                               quando diagnosticadas de forma precoce”, assegura a mé-
                                                               dica. “30% dos entrevistados informaram procurar o oftal-
                                                               mologista apenas quando possuem algum sintoma, o que
                                                               é alarmante considerando que doenças como o glaucoma
                                                               costumam causar sintomas apenas em estágios mais avan-
                                                               çados da doença, que é irreversível. É importante que o exa-
                                                               me oftalmológico seja considerado como parte da avaliação
                                                               geral de rotina tanto da criança quanto do adulto”, defende.
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