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JBO - Jornal Brasileiro de Oftalmologia               8            Nº 211 - Outubro/Novembro/Dezembro - 2025



            O GLAUCOMA E OS BRASILEIROS



                                                                                     sobre o glaucoma, Dr. Ricardo Pa-
                                                                                     letta Guedes aponta para o papel

                                                                                     do médico nessa transformação,
                                                                                     oferecendo conhecimento neces-
                                                                                     sário às pessoas. Dra. Ana Flávia
                                                                                     Belfort concorda com o potencial

                                                                                     engajamento dos colegas. “Não
                                                                                     podemos perder a oportunidade
                                                                                     de, durante as consultas, aprovei-
                                                                                     tar para disponibilizar informações

                                                               sobre cuidado ocular e prevenção de doenças oftalmológi-
                                                               cas”, orienta.
      Metade não sabe diferenciar glaucoma e catarata
      Enquanto 86,8% dos entrevistados disseram já ter ouvido
      falar sobre glaucoma, mais da metade (52,5%) afirmou não
      saber diferenciar glaucoma e catarata, num quadro bastante
      preocupante. “A catarata é uma doença reversível, mais fácil
      de lidar, mais possível de ser tratada. A pessoa opera e, tec-

      nicamente, está de alta para o resto da vida. O glaucoma é
      diferente, depende muito da participação do paciente junto
      ao tratamento”, avalia Dr. Emílio Suzuki.



      Nesse cenário, as campanhas de conscientização são fun-
      damentais, mas não suficientes, analisa Dr. Oswaldo Ferrei-
      ra Moura Brasil. Para o presidente da SBO, a educação em
      saúde ocular precisa ser contínua e estruturada, não apenas   Reversibilidade e fatores de risco desconhecidos
                                                               A informação pode ser crucial para a alteração do percen-
      pontual. “Além das campanhas públicas, como o Maio Ver-
                                                               tual que, na pesquisa, indica que 41% dos entrevistados
      de, é necessário envolver profissionais da Atenção Primária,
                                                               acreditam na cura do glaucoma. Dra. Ana Flávia Belfort res-
      professores, agentes comunitários e os próprios oftalmolo-
                                                               gata estudo de 2012, realizado pela Sociedade Brasileira de
      gistas em ações permanentes de orientação. A informação   Glaucoma, apontando que 64% dos brasileiros já haviam
      deve ser levada onde as pessoas estão: nas escolas, nas   ouvido falar sobre glaucoma (hoje são 86,6%). “Houve um
      unidades básicas de saúde, nas redes sociais, e dentro do   avanço em termos de divulgação da doença, mas ainda há
      consultório médico, aproveitando cada consulta como uma   espaço para melhorias”, pondera.
      oportunidade de educação”, alerta.
                                                               Segundo Dr. Ricardo Paletta Guedes, faltam ações contínuas
                                                               de educação da população sobre as principais causas de
      Chamando atenção para o ponto do estudo que mostra que
                                                               cegueira, além da educação formal, o que tem efeito dire-
      pessoas que frequentam preventivamente uma consulta com   to na conscientização em saúde. “A falta de conhecimento

      oftalmologista têm maior chance de ter mais conhecimento   do glaucoma pode prejudicar a prevenção da cegueira. O
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