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JBO - Jornal Brasileiro de Oftalmologia              32            Nº 203 - Outubro/Novembro/Dezembro - 2023






                        Live Dia a Dia do Consultório: Retina




      No dia 08 de agosto, a SBO realizou mais uma Live Dia a Dia do Consultório, evento que reúne médicos de
      todo o Brasil e promove o debate de questões importantes da prática oftalmológica. Coordenado pelos ex-pre-
      sidentes da SBO, Dr. Sérgio Fernandes e Dr. Mário Motta, o encontro focou na temática da retina. Para abrir a
      sessão, o médico convidado, Dr. Sérgio Pimentel, ministrou uma palestra especial sobre o tratamento atual da
      DMRI úmida. A seguir, os médicos Dr. Gustavo Heringer, Dr. Flavio Mac Cord e Dr. Jorge Rocha responderam a
      diferentes perguntas sobre retina. Confira aqui um resumo da palestra e de algumas das questões debatidas no
      evento. Para assistir à live na íntegra, acesse a Área do Médico, no site da SBO.



                                                               duzir o fluido. Elas causam pouca fibrose e pouco
         Palestra Especial
                                                               material hiperrefletivo sub-retiniano. Formam atro-
         Tratamento Atual da DMRI Úmida
                                                               fia  geográfica  muito  mais  frequentemente,  sendo
                                                               esta a causa de perda de visão em longo prazo.
                         Dr. Sérgio Pimentel                   O prognóstico é estágio-dependente: quanto mais
                         Para o tratamento da Degene-          cedo eu detecto, faço o diagnóstico e trato, melhor
                         ração Macular Relacionada à           o prognóstico visual dos pacientes.
                         Idade (DMRI) úmida, o primeiro               O quarto subtipo é a Vasculopatia Polipoidal
                         ponto é conhecer os subtipos          da Coróide. Em geral, os pacientes são mais jovens
                         de membranas neovasculares            e o diagnóstico ouro é uma indocianina, onde se vê
                         (MNV), pois a resposta aos an-        os pólipos, que aparecem antes de 5 minutos da in-
      tiangiogênicos está relacionada a estes subtipos,        docianina, associadas a tramas neovasculares, cha-
      impactando no prognóstico do paciente.                   mada de rede neovascular ramificada. A OCTA tem
             São características das membranas do tipo         características específicas, sendo os critérios maio-
      1: melhor acuidade visual inicial, com maior proba-      res: elevação complexa do Epitélio Pigmentar da Re-
      bilidade de manter essa acuidade durante o segui-        tina (EPR), DEP em polegar, lesão anelar sub-EPR; e
      mento desses pacientes; melhor prognóstico, com          os critérios menores: nódulo alaranjado, sinal da du-
      menores taxas de atrofia geográfica (GA), de pro-        pla-camada (SIRE), paquicoróide e DEP complexo.
      gressão de atrofia macular e de fibrose da mácula,              Há várias formas de tratamento da DMRI
      que é outra causa de perda da visão.                     úmida. Pode-se tratar com Aflibercept, onde se fa-
             Já a membrana neovascular tipo 2 atraves-         zem 3 injeções consecutivas e depois segue esse
      sa o epitélio pigmentado da retina e se prolifera        paciente. Outra opção é tratar com o Ranibizu-
      abaixo da mesma, no espaço sub-retiniano. Possui         mabe,  onde  é preciso  associar  o  PDT  para  casos
      qualidade visual inicial pior, porque, como elas es-     pouco responsivos. Realizado o diagnóstico e trata-
      tão no espaço sub-retiniano, elas lesam os fotorre-      mento com o Aflibercept, se após enxugar a retina,
      ceptores precocemente. Quando tratada de forma           ainda há o pólipo visível, é preciso acrescentar três
      precoce, há uma grande capacidade de melhora             injeções adicionais para destruir o pólipo e, assim,
      visual. Os neovasos são menos maduros, portanto          a lesão parar de exsudar. Depois, deve-se manter o
      mais sensíveis aos antiangiogênicos.                     seguimento do paciente.
             A membrana do tipo 3 aparece, inicialmen-                Outro ponto é a definição da estratégia de
      te, no espaço intrarretiniano. O diagnóstico é feito     tratamento. Em minha opinião, o melhor esquema
      por meio do OCTA, onde é possível ver o fluxo in-        de tratamento é o “tratar e estender”. Nesse caso,
      trarretiniano. Frequentemente, é bilateral e acome-      faz-se uma dose de carga, injetando até desapa-
      te pacientes de mais idade. Em comparação com            recer o líquido da retina. Depois, em todo retorno
      os tipos 2 e 1, possui acuidade visual intermediária,    do paciente, é realizada a injeção, mas estenden-
      com uma perda de visão ao longo do segmento.             do em duas semanas o tratamento, desde que ele
      Com o tratamento, é provável que se consiga re-          não tenha líquido. Assim, acompanha-se o paciente
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