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JBO - Jornal Brasileiro de Oftalmologia              34            Nº 203 - Outubro/Novembro/Dezembro - 2023




                                                               mangioma de Coróide, Hipertensão Maligna, Pit
         Com 45 anos, relata visão de OD embaçada há
                                                               de Nervo Óptico, DMRI Exsudativa, Histoplasmose
         dois dias. Como saber se é uma Coriorretinopatia
                                                               Ocular Presumida. Nesse caso, será fundamental a
         Serosa Central?
                                                               realização de exames complementares, como a an-
                         Dr. Flávio Mac Cord                   giografia fluoresceínica, que num aspecto típico da
                         A Coriorretinopatia Serosa Cen-       Coriorretinopatia Serosa Central vai evidenciar um
                         tral (CSC) acomete indivíduos         ou poucos pontos de vazamento progressivo, ao ní-
                         entre 30 e 50 anos, preferen-         vel do epitélio pigmentar, geralmente no quadran-

                         cialmente, do sexo masculino          te temporal superior, no aspecto de borrão de tin-
                         (numa frequência de nove para         ta, ou, em 10% dos casos, no aspecto do formato
      um), caucasianos, que podem ter um quadro se-            de guarda-chuva ou cogumelo. A Angiografia com
      cundário de hipercortisolismo (como Doença de            Indocianina Verde pode colaborar, mostrando uma
      Cushing ou Pós-Transplante). O mais comum é              impermeabilidade da coróide nas fases médias do
      acometer o paciente com a personalidade do Tipo          exame. Quanto à história natural, a resolução es-
      A, cujas características são: perfeccionismo, certa      pontânea vai acontecer em até três a quatro meses,
      agressividade,  atenção  constante,  dificuldade  de     na grande maioria dos casos. Contudo, 5% podem
      delegar  autoridade  e  estabelecer  prioridades.  Na    evoluir para uma perda visual grave, que pode che-

      sintomatologia, o paciente vai se queixar de borra-      gar a uma visão de 20/200 ou pior. As indicações
      mento visual central, sendo que a acuidade visual        clássicas  de  tratamento  ocorre  nos  casos  de  flui-
      pode ser desde 20/200, nos casos mais crônicos e         dos sub-retinianos persistentes após 3 meses em
      graves, até uma visão de 20/20, que melhora com          paciente sintomático e ponto de vazamento longe
      uma correção hipermetrópica. Pode apresentar me-         da fóvea; de descolamentos recorrentes com perda
      tamorfopsia e, muitas vezes, uma micropsia devido        visual prévia; de evento primário quando olho con-
      ao distanciamento dos fotorreceptores, que pode          tralateral sofreu perda de visão por CSC; de des-

      evoluir para uma discromatopsia e até um escoto-         locamentos bolhosos, ou em caso da necessidade
      ma central nas fases tardias.  Ao exame fundoscó-        de recuperação visual rápida. Para esse acompa-
      pico, a gente vai perceber uma bolha transparente        nhamento e definição do tratamento, a tomografia
      de  limites  bem  definidos  no  fundo  de  olho,  uma   de coerência óptica será especialmente importante
      retina transparente de espessura normal, que pode        para o diagnóstico e medida objetiva para acom-
      evoluir para depósitos esbranquiçados na face
                                                               panhamento da resolução do fluido sub-retiniano.
      posterior do cristalino nas fases mais crônicas. O
                                                               Para o tratamento, faz-se o laser de micropulso. O
      OCT vai ajudar no diagnóstico, identificando esse
                                                               laser de micropulso, frequentemente considerado
      fluido sub-retiniano, que, quando crônico, pode le-
                                                               uma alternativa ao tratamento a laser convencio-
      var ao surgimento de um fluido acinzentado até a
                                                               nal, é preferido na maioria dos casos de coriorre-
      evolução para atrofia do epitélio pigmentar. O DEP
                                                               tinopatia serosa central. Isso ocorre devido ao seu
      pode estar localizado superiormente, nas regiões
      de descolamento neuro-sensorial, que correspon-          perfil de segurança aprimorado. Em vez de causar
      de ao ponto de vazamento e ao início da doença. É        danos térmicos à retina, o laser de micropulso emi-
      preciso estar atento aos diagnósticos diferenciais,      te pulsos curtos de energia, minimizando os riscos
      como Doença de Harada, Oftalmia Simpática, He-           de efeitos adversos indesejados.
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