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JBO - Jornal Brasileiro de Oftalmologia              33            Nº 203 - Outubro/Novembro/Dezembro - 2023



      cada vez de forma mais alongada. Se houver reci-         da vasculite oclusiva (estudos de Fase 4 apontaram
      diva, o intervalo entre as visitas é reduzido. Esse      a ocorrência em 2,1% dos pacientes). Nesse senti-
      regime “tratar e estender” é eficaz (porque zera a       do, os pacientes precisam assinar o consentimento
      membrana neovascular), é pró-ativo (trata-se antes       informado, pois eles necessitam conhecer o risco,
      de recidivar), é individualizado e é conveniente (ao     ainda que pequeno, da ocorrência da vasculite
      invés do paciente vir todo mês fazer a OCT, ele vem      oclusiva. Por conta disto, os pacientes ficam deses-
      a cada 8 a 10 semanas).                                  timulados  a  utilizar  o  medicamento.  Por  fim,  des-
             Os antiangiogênicos disponíveis são: Be-          taca-se que o Faricimabe  é uma medicação nova
      vacizumabe (Avastin), Ranibizumabe (Lucentis),           que, em breve, entrará no mercado brasileiro. A
      Aflibercepte  (Eylea)  e  Brolucizumabe  (Vsiqq).  Dos   vantagem dela é a extensão de uso. Os estudos
      três primeiros, o melhor é o Aflibercept. Quanto ao      demonstraram que, em 80% dos pacientes, foi pos-
      Brolucizumabe,  que  é  equivalente  ao  Aflibercept,    sível estender o uso por 3 a 4 meses, ou seja, de 12
      os estudos indicaram a possibilidade de ocorrência       a 16 semanas.






                                                               ramento da visão, a metamorfopsia. Isso tudo nós
          Paciente soube ter drusas na mácula e quer saber
                                                               vamos definir numa consulta de rotina, pela acuida-
          se vai perder a visão. Como conduzir esse caso?
                                                               de visual ou pela Tela de Amsler. Quando entramos
                                                               na propedêutica, a gente tem o OCT como um dos
                          Dr. Gustavo Heringer
                          Primeiramente,  é  importante        principais exames para definir a característica des-
                          destacar que a drusa é a mar-        sas  drusas  e  identificar  a  fase  da  doença  a  partir
                          ca registrada da Degeneração         da classificação de AREDS (Age-Related Eye Dise-
                          Macular Relacionada à Idade          ase Study), que vai de 1 a 4 (desde a ausência de
                          (DMRI), uma doença multifato-        uma DMRI , DMRI precoce, DMRI intermediária ou
                          rial, bilateral, assimétrica e, al-  DMRI tardia). Independente da fase em que estão,
      gumas vezes, é a principal causa de cegueira em          os pacientes são monitorados, com uma visita mais
      países desenvolvidos. A DMRI seca responde por           regular ou menos regular ao consultório. Por exem-
      85% e a úmida ou neovascular por 15%. Há uma             plo: se o paciente tem uma DMRI precoce, em que
      série de fatores de risco. É preciso saber se esse       há múltiplas drusas pequenas, a chance de evoluir
      paciente está sintomático ou não. Muitas vezes, no       é menor, então, nesse caso, não entramos com
      exame de rotina de um paciente acima de 50 anos,         uma suplementação vitamínica e espaçamos mais
      você vai dar o diagnóstico das drusas. É preciso         a visita do paciente ao consultório. Agora, se apre-
      lembrar os subtipos de drusas: há aquelas que são        sentar uma DMRI intermediária (com muitas drusas
      pequenas, que podem ser duras ou cuticulares,            intermediárias, pseudodrusas ou até mesmo drusas
      e há as moles. Todas estão localizadas abaixo do         maiores), é recomendado que se veja esse paciente
      epitélio pigmentado da retina e entre a membrana
      limitante. Nós temos também as drusas reticulares        com mais frequência, que se faça o monitoramen-
      ou  pseudodrusas,  que  ficam  entre  o  epitélio  pig-  to da acuidade visual, a metamorfopsia com a Tela
      mentado  da  retina  e  a  elipsóide.  Conforme  essa    de Amsler.  Nem todo paciente precisará da suple-
      classificação,  a  gente  vai  ver  a  chance  que  essas   mentação vitamínica. Se formos seguir o AREDS,
      drusas  têm  de  evoluir  para  atrofia  geográfica  ou   será  indicada  apenas  nas  classificações  3  e  4,  ou
      para forma neovascular e, a partir daí, passar a mo-     seja, na fase intermediária e na tardia. Na fase tar-
      nitorar esses pacientes. Lembrando que o quadro          dia, já é possível ver atrofias geográficas, algumas
      clínico é baixa de visão, dificuldade de leitura, bor-   características de DMRI neovascular.
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