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JBO - Jornal Brasileiro de Oftalmologia 23 Nº 199 - Outubro / Novembro / Dezembro - 2022
Quando você indica uso de soro autólogo? Qual a concentração?
Dra. Diane Ruschel Marinho epiteliais persistentes e erosões recorrentes, ceratoconjuntivite
O soro autólogo é utilizado na terceira etapa límbica superior, ceratite neurotrófica, dificuldade de cicatrização
de tratamento do olho seco, ou seja, quando em cirurgias coreanas e dor neuropática. A grande desvantagem
as demais opções não se mostraram eficazes. é a necessidade de se fazer a punção venosa frequente. Além
O conceito de utilizar o sangue como colírio disso, é preciso manter sob refrigeração e, no caso dos frascos
não é novo, pois, desde 1984, já se falava so- não usados, realizar o congelamento, visando evitar a contamina-
bre isso. A partir de 1999, com os trabalhos ção. Desde 2018, a Anvisa autorizou o uso e a produção destes
de Tsubota, o soro autólogo realmente passou a ser utilizado colírios e, assim, duas opções foram disponibilizadas: o Self Tears
como uma opção de tratamento. Com propriedades bioquími- (processado em Porto Alegre através da parceria entre a farmácia
cas semelhantes à lágrima, o soro possui concentração maior de
fatores de crescimento, de vitaminas e de fibronectinas, que são Oftálmica e o HCPA) e Sorotears (resultado da parceria entre a
substâncias muito boas para regeneração do epitélio. É indica- UNIFESP e o Hemocentro São Lucas). A concentração usual é de
do para todos os casos de olho seco que não melhoram com 20%; em casos que não respondem muito bem, é possível utilizar
as primeiras etapas de tratamento, como casos de Síndrome de a concentração de 50%. Trata-se de um tratamento que necessita
Sjogren, queimaduras, Síndrome de Stevens-Johnson, doença ser prescrito pelo oftalmologista e o paciente passará por tria-
enxerto vs hospedeiro (DECH), adjuvante dos Tx limbo, defeitos gem para verificar a viabilidade do uso.
Luz pulsada: quando e como? O aparelho faz diferença?
Você associa a expressão das gl. Meibomius?
Dra. Faride Tanos
Há mais de uma década, a Luz Intensa Pul-
sada Regulada (IRPL) vem sendo usada para
tratar pacientes com Disfunção das Glândulas
de Meibomius (DGM), que está associada à
maioria dos casos de olho seco. Sabemos que
o componente evaporativo deve ser identifi-
cado de modo a determinar a melhor conduta individualizada
para os pacientes. Publicações recentes confirmam a segurança
e eficácia desta abordagem terapêutica, reduzindo a inflamação
e melhorando sinais e sintomas dos pacientes. A IRPL consiste
na emissão de pulsos ultra-regulados da energia luminosa que
apresenta um filtro para atuação no tecido de acordo com o ob-
jetivo clínico. Existem hoje diferentes equipamentos no mercado
brasileiro. Entretanto, além da escolha de qual empresa para ser
sua parceira, o treinamento adequado para o manejo do opera-
dor, os protocolos escolhidos e o seguimento clínico pré e pós
procedimento são fundamentais. Estamos tratando uma condi-
ção multifatorial, o que requer uma abordagem multifacetada.
Estudos mostram que a combinação do IRPL com a expressão
das glândulas de meibomius é fundamental no alívio dos sinto-
mas de pacientes com olho seco evaporativo secundário à DGM,
o que deve ser realizado de forma individualizada de acordo com
cada caso. Este modelo personalizado é o que adotamos na Vi-
sareRIO (www.visarerio.com.br).
Para assistir a esta Live na íntegra, acesse o site da SBO (área do médico).