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JBO - Jornal Brasileiro de Oftalmologia              10            Nº 203 - Outubro/Novembro/Dezembro - 2023






                             Dia Mundial da Visão


                             Dr. Paulo Augusto de Arruda Mello
                             Professor Titular de Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina
                             Universidade Federal de São Paulo
                             Ex-editor da Revista Brasileira de Oftalmologia e do Jornal Brasileiro de Oftalmologia






      Realizado anualmente, o “Dia Mundial da Visão” é         de 1,2 milhão de cegos no Brasil. Ela estima que 60%
      uma data importante de conscientização da preven-        das cegueiras são evitáveis. Isso significa que quase
      ção e manutenção da visão. Criada em 7 de abril de       700 mil brasileiros que estão cegos poderiam ter visão
      1948, pela “International Agency for the Prevention of   se tivessem recebido noções de prevenção corretas
      Blindness (IAPB)”, atualmente a iniciativa tem o apoio   ou tratamento precoce. Esses dados são alarmantes!
      de mais de 200 organizações ao redor do mundo.           Devemos ressaltar o fato de que muitas pessoas não
                                                               têm acesso a serviços para cuidar da visão. A busca

      Nessa data, salientam-se dados importantes para ser-     de parcerias “público-privada” para aumentar o aten-
      vir de alerta a todos sobre a importância da visão. As   dimento, bem como um credenciamento universal
      alterações visuais, quando não detectadas e tratadas,    pelo SUS, poderia colaborar para ampliação do aces-
      podem levar a prejuízos incalculáveis, não só para o     so, principalmente em áreas carentes, com menor re-
      indivíduo, como também para a família, para a socie-     curso financeiro.
      dade e para o País.
                                                               Outro fator agravante é o desconhecimento de muitas
      Em crianças, os problemas visuais acarretam danos na     pessoas sobre os cuidados necessários com os olhos.
      aprendizagem, no desenvolvimento intelectual, mo-        É preciso promover estratégias para minimizar este

      tor e na socialização. Uma carga a ser carregada por     problema de forma proativa. Por exemplo, melhorar
      toda a vida!                                             a comunicação das evidências científicas com lingua-
                                                               gem apropriada para políticos, gestores de saúde e/
      Nos jovens, o trauma ocular, principal causa de ce-      ou população. Isto irá certamente facilitar a adoção
      gueira  nessa  faixa  etária, acarreta  restrições  ocupa-  de medidas mais apropriadas para a saúde ocular.
      cionais, perdas econômicas, danos psicológicos, com
      consequente perda na qualidade de vida.                  Também é preciso que ações em prol da preservação
                                                               da visão sejam muito divulgadas nas mídias sociais e

      Nos idosos, há muitas doenças que causam baixa vi-       mídias digitais, utilizando-se de uma comunicação apro-
      são, levando a um alto custo social. Estima-se que       priada para cada faixa etária. Tal conduta irá aumentar a
      muitas doenças (incluindo as manifestações oculares      conscientização e mudanças de hábitos da população.
      de doenças sistêmicas) podem afetar o globo ocular.
      Além disso, com o aumento da idade média da              E mais: criando movimentos que sensibilizem a mídia
      população, as doenças oculares se tornarão ainda         espontânea, atingiremos um número maior de pesso-
      mais frequentes.                                         as. Assim, se conseguirmos que todas as entidades
                                                               nacionais e internacionais que tratam da saúde ocular

      Segundo a Organização Mundial de Saúde, há mais          falem sobre o mesmo tema, geraremos uma grande
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